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Núcleo Popular Revolucionário   

Doria, Bolsonaro e a guerra de narrativas que envolve a vacina.

Caio Nunes Pimenta | Publicado 09/12/20, 02:55 am | 197 Vistos

A disputa entre o presidente da republica, Jair Bolsonaro, e o governador de São Paulo, João Dória, vai muito além de uma guerra ciência vs negacionismo que prega a "imparcial" mídia brasileira, e nós como oposição a ambos e como oposição de viés nacional-popular de esquerda, devemos entender isto o quanto antes, caso contrario, seremos trucidados pela polarização das centro-direitas e direitas cheirosas contra a extrema-direita truculenta.

Se João Dória tem ou não a vacina, se é um blefe ou uma real aposta, isto é impossível de comentar agora. Não sou pesquisador de medicina, muito menos tenho acompanhado os detalhes técnicos da corrida pela vacina contra o corona vírus. Mas independente de ser perito ou não, todos aqui independente da vocação, vem acompanhando um embate diário, narrado pela Globo News e CNN. A batalha narrada: O negacionismo obscurantista do presidente contra a ciência e os bons modos do gestor, governador de São Paulo.

Tanto Doria quanto Bolsonaro não são nem uma nem a outra das definições apresentadas acima. São sim, dois oportunistas a seu bel-interesse. Não devemos esquecer jamais que a intenção inicial de Bolsonaro nunca fora a de combate a vacina, isto podemos comprovar com trechos de lives de meses atrás. Este embate começa quando Bolsonaro da sinalizações favoráveis a vacina que vão diretamente contra os valores "intelectuais" que formam sua base de apoio, o que faz o presidente recuar imediatamente.

Já Dória, como bem disse o agora ex governador de São Paulo, Marcio França, que disputou com o atual pelo governo e protagonizou acalorados debates,"hoje (naquela época) Dória se amarra a imagem do conservadorismo bolsonarista para ganhar, mas amanhã poderia estar até amarrado com Lula e Hugo Chaves se fossem lhe propiciar sua vitória."

Os interesses de ambos são mais que claros para todos os internautas desta novela, a disputa presidencial de 2022, da campanha que busca a eleição de Dória e da campanha que busca a reeleição de Bolsonaro.

Os dois candidatos simplesmente operam as maiores maquinas estatais presentes no país, respectivamente, os arrojados orçamentos do governo federal e do governo estadual de São Paulo.

Porém, maquina estatal não vence eleição, ao menos, não sozinha (mas sim é uma grande vantagem). Podemos observar o resultado eleitoral pífio de Geraldo Alckmin em 2018. Resta a questão do por que fora pífio. Por conta da narrativa!

Toda a narrativa em 2018 jogava contra candidatos como Alckmin. Tanto que o candidato não pode chegar ao menos terceiro lugar no estado que governava, perdendo até para o cearense Ciro Gomes.

A disputa de narrativa é a batalha pela exposição midiática diária, pelo controle da polarização e a mentalidade política da população.

Quando Dória anuncia uma vacina cujo a probabilidade de a ter é quase nula, ele na realidade esta trucando no jogo com Bolsonaro, que por sua vez não liberara a inexistente vacina para manutenção de sua base ideológica e o que vem causando um impasse e uma polarização entre o truculento presidente e o cientifico gestor, tão sonhada pela grande mídia.

Se Bolsonaro libera a vacina, tudo esta perdido, neste cenário impossível, os dois estariam condenados e morreriam abraçados na disputa pela narrativa. Bolsonaro mais uma vez perderia sua base ideológica fiel, responsável por sua estabilidade e João Doria, sem muito o que apresentar, causaria uma quebra de expectativa geral, o botando como mentiroso e colocando em cheque até uma possível reeleição a governador, além de o tirar de um tremendo espaço midiático que conquistou nesta batalha. E justamente por isso não devera ocorrer.

Em suma, esta sendo pautado nacionalmente um debate sobre uma vacina que na pratica ainda nem existe e nem sabemos se chegara a nós, por uma disputa de narrativas televisionada diariamente pela grande mídia (tática usada pela novela Lava Jato para a destruição do governo petista). Se a oposição não entender isso, será obrigada a assistir um segundo turno entre Doria e Bolsonaro.

O que podemos fazer portanto? Se finalmente sairmos da alienação sofrida pela grande mídia na guerra entre o negacionismo e a ciência e entendermos os reais interesses em jogo, a única coisa que podemos fazer, estando de fora de todos os governos, é impedir a monopolização da critica a ambos.

Temos que de alguma maneira retirar dos bolsonaristas o monopólio de critica a João Doria, temos que retirar da centro-direita o monopólio de critica a Bolsonaro. E isto não será uma tarefa fácil, quando teremos de enfrentar de peito aberto e desarmados a grande mídia e os governos federal e estadual. Devemos dia a dia, quando um dos dois cometer um erro, um equivoco, ganhar no grito a critica ao tal, devemos cada um usar de suas redes sociais e fazer a sua parte para isto, interagir com hashtags e etc.

Se pretendemos chegar ao segundo turno e polarizar a nossa disputa com Bolsonaro, o único caminho é entender a conjuntura e se adaptar a ela, que no caso é a guerra hibrida de narrativas.

Por Caio Nunes Pimenta.


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